domingo, 20 de março de 2011

"Nossas cabeças estão sempre olhando pra baixo, para os próprios passos, para o caminho a percorrer. Fogos de artifício nos retêm. Erguem nossas cabeças, iluminam o que é escuro, capturam a gente de uma realidade burocrática, repetitiva, sem festa. Fogos de artifício são sinalizadores, há alguém feliz bem próximo, e está repartindo esse estado de espírito com você, que não viveu nada de extraordinário hoje, que estava louco pra chegar em casa, tirar a roupa suada, tomar um banho e ver um pouco de televisão.

Não era a chegada do Papai Noel, não era inauguração de loja, não era show dos Rolling Stones, não era nem mesmo atraente, umas faíscas vermelhas e verdes que eram quase como sinais de trânsito que tivessem sofrido um curto-circuito, mas eram fogos de artifício, e o motoboy não conseguiu se mexer, ficou estático e emocionado (...): vidrado, encantado, hipnotizado - como a gente deveria às vezes ficar diante do inusitado."

(Martha Medeiros)

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